QUEM ME PROCURA SABE OS CAMINHOS ONDE ME PERCO
SOU UM ESPÍRITO LIVRE... "(escrevo) Para pensar. Para compreender. Acontece que eu sou assim. Preciso de registar as coisas para sentir que as compreendo plenamente."
sábado, 4 de junho de 2022
A maturidade traz a sabedoria da gestao de riscos e a infelicidade de não mais nos aventurarmos
terça-feira, 31 de maio de 2022
A propósito de tudo e de nada, mas em especial do tempo que passa...
Não sei se estão a ver aqueles dias
Em que não acontece nada sem ser o que aconteceu e o que não aconteceu
E do nada há uma luz que se acende
Não se sabe se vem de fora ou se vem de dentro
Apareceu
E dentro da porção da tua vida, é a ti
Que cabe o não trocar nenhum futuro pelo presente
O fazer face a face que se teve até ali
Ausente, presente
Vê lá o que fazes, há tanto a fazer
Fazes que fazes ou pões sementes a crescer?
Precisas de água
Terra também
Ventos cruzados e o sol e a chuva que os detém
Vivida a planta
Refeita a casa
É o espaço em branco
Tempo de o escrever e abrir asa
E a linha funda, na palma da mão
Desenha o tempo então
Desenha o tempo então
Mas há linhas de água que cruzas sem sequer notares
E oh, estás no deserto
E talvez no oásis, se o olhares
E não há mal, e não há bem
Que não te venha incomodar
Vale esse valor?
É para vender ou comprar?
Mas hoje questões éticas?
Agora?
Por favor
Que te iam prescrever
A tal receita para a dor
Vais ter que reciclar
O muito frio e o muito quente
Ausente
Presente
Vê lá o que fazes, há tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
E a linha funda, na palma da mão
Desenha o tempo então
Desenha o tempo então
Um curto espaço de tempo
Vais preenchê-lo
Com o frio da morte morrida
Ou o calor da vida vivida?
Não queiras ser nem um exemplo
Nem um mau exemplo
Por si só
Há dias em que é grão da mesma mó
E a senha já tirada
Já tardia do doente
Dez lugares atrás
E pouco a pouco à frente
E cada um falar-te das histórias da sua vida
Feliz, dorida
Vê lá o que fazes
Há tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
Precisas de água
Terra também
Ventos cruzados
E o sol e a chuva que os detém
Vivida a planta
Refeita a casa
E espaço em branco
Tempo de o escrever e abrir asa
E a linha funda, na palma da mão
Desenha o tempo então
Desenha o tempo então
E explicaram-te em botânica
Uma espécie que não muda a flor do fatalismo
Está feito
E se até dá jeito alterar
Só por hoje o amanhã
Melhor é transfigurar o amanhã com todo o hoje
E as palavras tornam-se esparsas
Assumes
Fazes que disfarças
Escolhes paixões
Ciúmes
Tragédias e farsas
E faças o que faças
Por vales e cumes
Encontras-te a sós, só
Grão a grão
Acompanhado e só
Grão da mesma mó
Composição: David Fonseca / Sérgio Godinho
quinta-feira, 28 de abril de 2022
Os meus amigos
José Luis Peixoto
quarta-feira, 16 de junho de 2021
O brincador
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Dança, dança, dança
"Dançar, continuar sempre a dançar. Não te ponhas a pensar no sentido das coisas. O significado pouco ou nada importa. Se começares a pensar nisso os teus pés ficam bloqueados. Continua sempre a dançar, dê lá por onde der. Não há que ter medo. Toda a gente passa por isso, por esses momentos em que tudo parece perdido. Agora vê lá, não deixes que os teus pés fiquem parados!"
domingo, 23 de fevereiro de 2020
Não somos especiais
Mark Manson
segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
Soneto do Amigo
domingo, 12 de janeiro de 2020
Esperamos… mas nunca sozinhos
O tempo corre inexoravelmente, outro ano passou, e eis que um novo começa, ao qual quase sempre ligamos expetativas e esperanças; mas sobretudo voltamos a dirigir ao ano que começa aquilo que devíamos fazer e que ainda não fizemos.
Também estes propósitos dependem das etapas da vida que vivemos, porque com o passar dos anos impõe-se cada vez mais diante de nós o princípio da realidade: e assim somos colocados perante as dificuldades encontradas, os projetos caídos no vazio, os sonhos que se mostram ilusórios, os falhanços iniludíveis… Ao mesmo tempo decaem as energias e os entusiasmos da juventude, e aparecem as tentações, antes desconhecidas, ligadas ao cinismo crescente.
É assim que o passar do tempo nos oprime, «deixámos de ter tempo», repetimos muitas vezes, também por causa da ditadura dos tempos da técnica e da informática, e acabamos por deixar de viver no tempo, mas na aceleração do tempo. Habitar o tempo significa, ao contrário, habitar aquilo que vivemos, reencontrar o sentido da duração, dar-se tempo para olhar para trás, para a frente, e portanto para considerar com sabedoria o presente, assumindo a realidade. Numa palavra, somos chamados a fazer do tempo o lugar, o espaço da vida. É então que, finalmente, o tempo se manifesta como o sentido da vida.
Trata-se, portanto, de combater a alienação ao ídolo do tempo que nos domina: não só na forma do "não ter tempo", mas – como se diz com superficialidade – na convicção de que «tempo é dinheiro», gerador simbólico de todos os valores, e que por isso deixou de ser meio, mas finalidade que determina as necessidades e a produção para as satisfazer.
A sabedoria afirma: «Aprende a contar os teus dias, e o teu coração discernirá a sabedoria». Sim, é-nos pedido que contemos os dias, procurando responder à primeira pergunta presente no grande códice da Bíblia: «Ó terrestre, onde estás?». Onde estás no teu caminho de humanização, onde estás na relação com os outros, onde te colocas na sociedade humana?
Só o facto de se estar vivo é uma bênção, é por isso que estamos agradecidos ao mundo, porque a coisa mais importante na vida é a própria vida. O fim do ano é, por isso, a hora para dizer: ao passado, obrigado; ao futuro, sim. E que a troca de votos não seja um gesto formal e supersticioso, mas que nos conduza a assumir uma responsabilidade precisa, e a revesti-la de compromissos concretos: saberemos dar, finalmente, à fraternidade o seu papel decisivo, de modo que liberdade e igualdade possam, graças a esse fundamento, ser verdadeiramente instauradas na sociedade?
Renasça a solidariedade entre todos nós pertencentes à única humanidade, uma solidariedade entre gerações e populações diferentes. Assim saberemos empenharmo-nos para enfrentar, a nível global, os problemas que oprimem a humanidade: alterações climáticas, guerras, migrações, violações dos direitos humanos… Trata-se de esperar contra toda a esperança; mas só se pode esperar em conjunto, nunca sozinho, nunca sem o outro.
Enzo Bianchi
In Monastero di Bose