domingo, 22 de fevereiro de 2009

TEORIA DA COMPATIBILIDADE

NOTA PRÉVIA: não falo de paixão, falo de relacionamentos saudáveis e a longo prazo, falo de amor, falo do projecto-família...

Tive dois namorados que comentavam frequentemente ser completamente avessos à ideia de namorar uma fumadora. Ora, eu que estive 13 anos com um fumador e nunca peguei num cigarro, sempre me revoltei contra a teoria que apelidei de patética! À época parecia-me que se limitavam a julgar as pessoas por factores externos e, portanto, a dar importância à aparência em detrimento da essência.
Hoje andava a fazer a minha caminhada matinal na praia e apercebi-me que talvez os referidos ex-namorados tivessem razão...
Explico melhor!
Parece-me que as pessoas se podem apaixonar por outras completamente diferentes, viver momentos intensos, mas o que faz uma relação durar - com sucesso - é a sua compatibilidade! Não estou a falar de identidade, mas de compatibilidade.
Por exemplo, adoro praia, fazer exercício e comida saudável. Claro que não é obrigatório apaixonar-me por alguém com os mesmos gostos, mas a médio prazo, se as diferenças forem grandes, a probabilidade de dar para o torto é grande...
Imaginemos a cena: um casal de férias, ela levanta-se a horas de pequeno-almoço, sai para a praia e vai fazer a caminhada diária; ele, dorme até ao meio-dia, vai beber café e senta-se na esplanada a fumar um cigarro e a ler o jornal. Não tem mal, certo?
Pois...
Se calhar tem! Porque haverá um momento em que um deles (ou os dois) se vão sentir sozinhos nos seus "prazeres" e, mais tarde, ela vai acabar por encontrar uns amigos que a vão passar a acompanhar e ele vai descobrir que na mesa ao lado está sempre a mesma rapariga que também odeia mexer-se e que prefere ficar todo o dia na esplanada a comer e beber...

Exagero? Talvez! Agora, juntemos a questão de um ter uma profissão desgastante e o outro trabalhar apenas 6 horas/diárias e, durante esse período, ainda ter tempo para navegar na net.
Ainda não estão convencidos? Vou complicar mais um pouco...
Peguemos no casal em análise e , além das diferenças já referidas, imaginemos que têm uma cultura familiar diferente. Um veio de uma família tradicional, em que todos estão habituados a estar presentes na vida uns dos outros; o outro nasceu num conceito de família em que cada um deve desenvencilhar-se, não há refeições conjuntas , nem o hábito de dialogar...
Ponham lá estes seres a viver juntos... Impossível?!! Não direi tanto, mas que será muito difícil que resulte numa relação de uma vida, disso não tenho dúvidas!
E se não temos a ESPERANÇA que seja "até que a morte nos separe" não estaremos a MATAR O AMOR logo à nascença?

1 comentário:

  1. Nossa,
    Finalmente encontrei um texto que defende o que defendo. Mesmo depois de um bom tempo teorizando sobre a compatibilidade entre indivíduos, propondo a negação da idealização romântica ainda procuro uma teoria que explique ou pelo menos esboce uma busca consciente de sua parceira (ou parceiro).
    Ps: A definição "entendem que a jornada diária merece alguns momentos dedicados à reflexão" expõe de maneira concisa o ideal que defendo da vida.

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