"Às vezes penso que seria melhor se tivesses morrido. Às vezes gostava que tivesses morrido. Era mais fácil, sabes? Porque contigo morto a tua ausência não seria tão dolorosa. Não ficaria sentada à tua espera, de mala feita, ansiosa (...) Gostava de te enterrar agora, de uma vez por todas. Matar-te dentro de mim e não pensar mais no assunto. Mas não consigo. Ainda não consigo. Esta raiva é o que me resta para me lembrar de ti. As duas únicas recordações que tenho do tempo em que ainda existias na minha vida, já estão tão gastas e usadas que só se percebem as sombras. Foi de vê-las muitas vezes, sabes? Gostava de te insultar, de te dizer coisas horríveis. Gostava que te sentisses mal o resto da tua vida até ao dia em que morresses. E nesse dia eu seria devorada pelos remorsos por isso acho que é melhor ficar calada. Até porque depois de te dizer coisas horríveis - verdades absolutas - ficaria à espera que me respondesses alguma coisa extraordinária e ambos sabemos que isso não vai acontecer. E depois era ainda pior. Por isso deixo-me estar sem ti. Só com a raiva e a indignação que não há meio de passar. Até ao dia em te enterrarei, de uma vez por todas."
In http://oblogdodesassossego.blogspot.com/
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