Ser pena do mesmo pato é algo quase inato, que tem mais a ver com a forma como somos educados do que com o que ainda conseguimos aprender. Faz parte do nosso património social, essa soma complexa e nem sempre perceptível de entender de valores, convenções, referências e hábitos que fizeram de nós a pessoa que somos e não outra. Podemos ser suficientemente fortes para desafiar o destino, mas não é só o destino – ou o que fazemos dele – que nos molda: é tudo o que bebemos e aprendemos em pequenos e que interiorizamos como padrão, como certo ou errado, porque, quer queiramos quer não, isso já é parte integrante de nós. E não é uma questão de snobismo, é uma questão de bom senso. Se eu sei que me incomoda um homem que ponha o cotovelo em cima da mesa quando come e que se descalce durante o jantar, nem sequer ponho a hipótese de me envolver emocionalmente com ele, ainda que seja igual ao George Clooney; é que já sei que não vou aguentar, tão simples quanto isto. Da mesma forma que nunca irei tolerar comportamentos misóginos e práticas promíscuas porque o que bebi em casa sempre foi o respeito pelo casamento e pelo sexo oposto. Ou alguém que viva de expedientes, porque a educação espartana que recebi não me permite considerar para meu par alguém que não valorize o trabalho.
Prefiro um homem que me dê o braço ou a mão, que fale baixo e me ajude a vestir o casaco, que não teça comentários deselegantes sobre outras mulheres, que me chame querida em vez de amor. E que quando vai a casa dos meus pais, se sinta também ele em casa, e não um elefante numa loja de loiças."
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