"Estupidamente, tenho-me de atalaia à espera uma mensagem tua que sei que não chega: tu, a fingires que não o és e a fazeres o teu preço, a exigires por fim qualquer coisa de valor, uma troca por troca, as letras grosseiramente recortadas de notícias de jornal, a formarem palavras de ordem, o cheiro requentado da tinta, o T maiúsculo agarrado agora ao meu polegar húmido e nervoso, que comprime com força a folha amarrotada e suja de tanto corta-e-cola, e eu, a ler-te: "Tenho-o comigo, raptei-o. Para o reaveres, terás de pagar em milhões de papel-palavras-moeda. Uma mala cheia delas, agarrada ao teu pulso por uma corrente. Traz-ma amanhã à noite e não te esqueças da chave. Encontramo-nos na ponte, tu sabes onde: no alinhamento da lua cheia. Vem só e não me tentes enganar, se não, o teu coração morre."
in http://umamoratrevido.blogspot.com/
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