sábado, 14 de março de 2009

Recuso-me a ouvir-te essas palavras ...

"Vou andando por aí
Sobrevivendo à bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim à engrenagem
E ando muito deprimido
E é difícil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja
Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou à chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva
Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim
Tu tens fortuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números à frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores.
Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gozo de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim
Só à espera do fim !!!"

Perante as derrotas circunstanciais, há quem ande assim...só à espera do fim! Há quem ponha nas mãos dos outros o futuro, há quem se demita da luta e se limite a sobreviver a um dia depois do outro!!! Aceito que todos temos direito a nos sentir momentaneamente impotentes perante certos factos, mas recuso-me a aceitar tal estado como permanente.
Quem quer faz, o resto são desculpas que o medo nos arranca boca fora! Perdida uma batalha há outra logo na esquina seguinte à espera...de alguma forma, sou a melhor prova que se sobrevive e o que vem depois pode ser muito melhor!
MAS NÃO É JUSTO PEDIR A OUTRA PESSOA QUE TRAVE ESSAS LUTAS POR NÓS! Ninguém nos pode substituir no campo batalha. Nas lutas de outros de quem gosto, só posso garantir que - caso optem por travá-las - estarei lá pronta a ajudar a curar as feridas depois da guerra terminada (nunca antes, nem durante, muito menos eternamente à espera do fim)!

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