"O amor também é assim: quando semeamos o que pode vir a ser um grande amor, fazêmo-lo com todo o cuidado: somos prudentes na forma de agir e com o que dizemos, ouvimos o outro, queremos conhecê-lo devagar, damos-lhe atenção, carinho e protecção, ao mesmo tempo que damos tempo e espaço. Damos como sabemos e o melhor que podemos, com alguma conta, peso e medida, mas sem nunca fazer contas nem exigir cobranças.
Há um lado alquímico no amor, aquela capacidade de entender o outro mesmo quando ainda mal o conhecemos, e de o aceitar com os seus defeitos, os seus cigarros e os seus silêncios. A esse mistério, tão belo quanto inexplicável, junta-se uma boa dose de optimismo, bonomia e bom senso quanto baste para que o dia a dia se torne um prazer e a rotina não o contamine.
É mais ou menos como ser poeta ou realizador de cinema todo os dias: cada cena da vida real pode tornar-se um momento adorável, quando, por exemplo, um acorda e o outro lhe preparou o pequeno-almoço e lhe deixou escrito no wallpaper do computador: ‘good morning my love’. Pode parecer uma lamechice para aqueles cujo coração já secou como uma velha árvore ou se fez em pedra e pó de tanto olhar para o passado, mas para quem o mantém fresco e aberto, pequenos gestos como este são capazes de alterar o ciclo da Lua.
E, para quem sempre acreditou que o amor é feito de pequenos gestos, esta é a maior recompensa para um amor semeado com amor e cuidado. É a lei do eterno retorno enviada por correio azul; Mercúrio dá a mão a Cupido e Vénus aplaude sentada numa nuvem que paira no Olimpo. "
"UMA RELAÇÃO também pode – e deve – ser vista seguindo o espírito dumasiano de um por todos, todos por um, embora mandem as regras do bom senso que todos sejam apenas dois, e que outros elementos de equipa que a ela se juntem apareçam sob a forma de descendentes. Três foi a conta que Deus fez, mas não para casais, apesar do próprio Dumas também ter afirmado que o casamento é um fardo tão pesado que precisa de duas pessoas, por vezes três para carregá-lo. A questão do número é, mesmo assim, menos basilar do que a do género, já que nas últimas décadas as grandes mudanças que se operaram na sociedade serviram para diluir o papel do homem e para fortalecer o papel da mulher enquanto indivíduos, o que resultou em algumas indefinições, ambiguidades e confusões para ambos os lados do campo de jogos.
O HOMEM ainda gosta de se sentir o provider, mas respira de alívio se a mulher também trouxer algum dinheiro para casa; e a mulher apregoa a sua independência alto e bom som mas, no fundo, gosta de ter alguém que a proteja e a apoie. E se qualquer um vai às reuniões da escola ou sabe mudar uma fralda, ainda são as mulheres que amamentam e ainda são os homens que vão para o jardim jogar à bola com filhos.
O ESPÍRITO de equipa é como tudo na vida, exige treino e concentração. É preciso ser humilde, bom ouvinte e ter capacidade para desenvolver empatia pelo outro. Perceber o que é importante para ele, o que o faz feliz e o que mais o incomoda, ao mesmo tempo que temos a obrigação de lhe transmitir o que é importante para nós. Tal como no ténis, há sempre uma rede pelo meio. É preciso deixar que o outro faça os seus serviços e marque alguns pontos, e depois trocar de lado no campo e fora dele, dar espaço e tempo e dar a mão à palmatória se for caso disso, sem nunca perder a mão nem a dignidade. GOSTO de pensar que uma relação envolve mais amor do que poder, mais generosidade do que egoísmo, mais tempo do que dinheiro. Gosto de pensar que uma relação é como uma ponte: a pouco e pouco, os dois lados vão--se aproximando cada vez mais, até àquele momento mágico em que o tabuleiro se une no centro, entre os dois pilares. E, já agora, sem portagens nem cobranças em nenhuma das extremidades. Ou se veste a camisola para o bem e para o mal ou então o melhor é ir a nado. "
Há um lado alquímico no amor, aquela capacidade de entender o outro mesmo quando ainda mal o conhecemos, e de o aceitar com os seus defeitos, os seus cigarros e os seus silêncios. A esse mistério, tão belo quanto inexplicável, junta-se uma boa dose de optimismo, bonomia e bom senso quanto baste para que o dia a dia se torne um prazer e a rotina não o contamine.
É mais ou menos como ser poeta ou realizador de cinema todo os dias: cada cena da vida real pode tornar-se um momento adorável, quando, por exemplo, um acorda e o outro lhe preparou o pequeno-almoço e lhe deixou escrito no wallpaper do computador: ‘good morning my love’. Pode parecer uma lamechice para aqueles cujo coração já secou como uma velha árvore ou se fez em pedra e pó de tanto olhar para o passado, mas para quem o mantém fresco e aberto, pequenos gestos como este são capazes de alterar o ciclo da Lua.
E, para quem sempre acreditou que o amor é feito de pequenos gestos, esta é a maior recompensa para um amor semeado com amor e cuidado. É a lei do eterno retorno enviada por correio azul; Mercúrio dá a mão a Cupido e Vénus aplaude sentada numa nuvem que paira no Olimpo. "
"UMA RELAÇÃO também pode – e deve – ser vista seguindo o espírito dumasiano de um por todos, todos por um, embora mandem as regras do bom senso que todos sejam apenas dois, e que outros elementos de equipa que a ela se juntem apareçam sob a forma de descendentes. Três foi a conta que Deus fez, mas não para casais, apesar do próprio Dumas também ter afirmado que o casamento é um fardo tão pesado que precisa de duas pessoas, por vezes três para carregá-lo. A questão do número é, mesmo assim, menos basilar do que a do género, já que nas últimas décadas as grandes mudanças que se operaram na sociedade serviram para diluir o papel do homem e para fortalecer o papel da mulher enquanto indivíduos, o que resultou em algumas indefinições, ambiguidades e confusões para ambos os lados do campo de jogos.
O HOMEM ainda gosta de se sentir o provider, mas respira de alívio se a mulher também trouxer algum dinheiro para casa; e a mulher apregoa a sua independência alto e bom som mas, no fundo, gosta de ter alguém que a proteja e a apoie. E se qualquer um vai às reuniões da escola ou sabe mudar uma fralda, ainda são as mulheres que amamentam e ainda são os homens que vão para o jardim jogar à bola com filhos.
O ESPÍRITO de equipa é como tudo na vida, exige treino e concentração. É preciso ser humilde, bom ouvinte e ter capacidade para desenvolver empatia pelo outro. Perceber o que é importante para ele, o que o faz feliz e o que mais o incomoda, ao mesmo tempo que temos a obrigação de lhe transmitir o que é importante para nós. Tal como no ténis, há sempre uma rede pelo meio. É preciso deixar que o outro faça os seus serviços e marque alguns pontos, e depois trocar de lado no campo e fora dele, dar espaço e tempo e dar a mão à palmatória se for caso disso, sem nunca perder a mão nem a dignidade. GOSTO de pensar que uma relação envolve mais amor do que poder, mais generosidade do que egoísmo, mais tempo do que dinheiro. Gosto de pensar que uma relação é como uma ponte: a pouco e pouco, os dois lados vão--se aproximando cada vez mais, até àquele momento mágico em que o tabuleiro se une no centro, entre os dois pilares. E, já agora, sem portagens nem cobranças em nenhuma das extremidades. Ou se veste a camisola para o bem e para o mal ou então o melhor é ir a nado. "
http://sol.sapo.pt/blogs/margaridarebelopinto/default.aspx
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