sábado, 16 de janeiro de 2010

Conheço gente assim...

"(...) Todos os grandes amores são invariavelmente trágicos, porque quem ama muito sofre sempre mais, como se amar mais implicasse sempre angústia, quer enquanto o vivemos plenamente e sentimos que o podemos perder, quer depois do amor, quando não queremos e nem sequer sabemos como encarar os dias. Há quem descreva o fim de um grande amor como uma derrocada, porque a sensação de não ficar pedra sobre pedra é a mais comum.
(...) A natureza mostra-nos que um animal só ataca quando está com fome ou ferido. É o medo que nos faz avançar, atacamos para não sermos atacados, enquanto lambemos as feridas na caverna. As mulheres choram com as amigas, os homens magoados embebedam-se e desenvolvem mecanismos de evasão fácil: a noite é propícia a equívocos e encontrões sexuais, o álcool e a droga emprestam uma sensação de leveza e amanhã é outro dia.
Um homem que não consegue amar vive encarcerado numa cela de solidão cuja chave se perdeu. É um homem diminuído porque até pode gostar de mulheres, mas não gosta das mulheres. Um homem com o ego ferido é como um leão com uma pata partida; ele não admite ajuda de ninguém e, quando se levanta, não quer que o vejam a coxear. Atacará por medo, por orgulho, por desespero. Voltando ao filme, o maior desespero do herói é a incapacidade de se entregar. Pior do que não ser amado é não ter capacidade para amar. A alma seca, como uma árvore morta.
(...)
Quanto tempo precisa,afinal, um homem para voltar a estar disponível para amar? Ninguém sabe, muito menos ele. A única coisa que todos sabemos é que amanhã é outro dia."
MRP in http://sol.sapo.pt/Blogs/margaridarebelopinto/default.aspx

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